quinta-feira, 17 de junho de 2010

O poder das palavras na poesia e na narrativa - pelos piratas escritores

Hoje, dia de festa na nossa escola, temos o prazer de publicar estes dois textos, made in Ilha das Palavras. O sentimento de nostalgia já anda pelo ar, mas o espírito e a mística irão sempre estar presentes.

História de um ano na ILHA DAS PALAVRAS
em poesia, realizada pelos alunos


Chegámos mais uma vez a um final de ano
E todos juntos conseguimos uma conquista
Num barco imaginário, cheio de palavras
Gritámos em coro, bem alto -Terra à vista!

Quando pisámos a ilha pela primeira vez
Decidimos fazer um pequeno intervalo
Estávamos tão, tão, tão esfomeados
Que até comíamos um cavalo.

Reparámos que na floresta da ilha
Havia um alimento mesmo saboroso.
Palavras deliciosas por todo o lado
Um verdadeiro manjar fabuloso.

Construímos ali o nosso quartel-general
Enfeitado com letras, números e sinais,
Com alguma habilidade e arte
Fizemos trabalhos muito especiais.

Mas a ilha era tão grande e densa,
Que demorámos tempo a explorá-la
Foi mais ou menos uns nove meses
Que passámos na mesma sala.

“Ilha” é do género feminino e singular,
Também descreve bem a nossa escola.
Tem muitas palavras da área vocabular
e nomes comuns como: livros, lápis e cola.

Qualquer pirata que se preze
Sabe cantar e tocar instrumentos
Mesmo que o piratão Miguel se esforce
Ninguém canta dentro dos tempos!

Esta ilha é virada para o futuro
Sabemos dizer: hello, friend e cool!
O professor Carlos só fala inglês
E às vezes diz que somos “fool”.

Um pirata sempre em forma
Com a pirata Cátia vai treinar.
Aprende a saltar, nadar e correr
A escavar, remar e saquear.

Se um dia ouvirem falar desta ilha
Por um bom motivo será
O perfume que anda pelo ar
Mesmo muita gente atrairá.

Nesta ilha os piratas lêem
Livros e histórias engraçadas
Da biblioteca e do professor
Saem coisas por nós estimadas.

As palavras são como flores
Perfumadas, bonitas e graciosas
Se não as cuidarmos bem
Ficam feias e horrorosas.

Existe um produto de limpeza
De primeiríssima qualidade
O seu nome é “Limpa-palavras”
Que as mantém na validade.

Nesta nossa Ilha das Palavras,
Os piratas viveram uma bela aventura
Até temos tema para um grande livro
Que vai ser ilustrado e ter capa dura.

Assalto à Ilha das Palavras ( texto realizado pelos alunos e corrigido pelo professor)
A melhor história de sempre alusiva à verdadeira Ilha das Palavras e que conta com uma encenação, brilhantemente representada pelos nossos alunos.

Algures no Oceano Palavrântico, ficava uma ilha desconhecida por muita gente. Uma ilha deserta de pessoas mas repleta de palavras. Palavras elegantes, bonitas, grandes, fortes, pequenas, perfumadas, encantadoras…
Essa ilha nunca tinha sido explorada, até que um dia…um barco cheio de piratas determinados se fez ao mar em busca do tesouro, de que tinham ouvido falar.
14 destemidos piratas navegaram durante 9 meses por mares agitados e revoltos em pensamentos imaginários, visões mágicas e deslumbrantes. Unidos pela mesma vontade, remaram em sintonia ao som de uma voz que os guiava. Uma voz de alegria e de união que caracterizava aquela quadrilha. A viagem foi longa mas o espírito era de festa. Cantaram e dançaram alegremente enquanto o barco, légua após légua se ia aproximando do porto que os iria acolher.
Cansados de tanto remar quase que desfaleciam, mas a vontade era tanta que nada os fez desistir, até ao dia em que ouviram do vigia “ Teeeeeerráviiiiiiiista”. Alguns pensaram que era uma brincadeira, outros de tão cansados que estavam nem deram grande importância. Mas à segunda voz de “Teeeeeerráviiiiiiiiiiiiiiista” ficaram simplesmente perplexos e uma súbita alegria fez-se ecoar por várias léguas. Lá estava o destino tão esperado. Existia mesmo e era realmente verdadeiro.
Apesar de extenuados, aquela visão fez com que fossem repescar as últimas forças de vontade, remando agora a uma velocidade maior do que a da restante viagem, até que... zzrrrrrrrrr, puum! Finalmente tinham atracado em terra firme.
Todos em fila, boquiabertos, saíram do barco e alguns até choraram de alegria. Começaram a admirar aquele universo de palavras que à primeira vista parecia uma sopa de letras sem fim. Os piratas, extasiados, começaram a saquear palavras voadoras que pairavam pelo ar, como fazem os caçadores de borboletas. A caça ao tesouro tinha começado.
Cada palavra era cuidadosamente apanhada, tratada e limpa, como faz um bom «Limpa-palavras». Afinal estes piratas tinham mesmo aprendido a importância das palavras. Uma palavra não é uma coisa qualquer, mas sim uma força, que se faz sentir quando é pronunciada ou escrita. Dita!
Após algum tempo de exploração da ilha, o grupo de “palavristas”: contadores, poetas, escritores, cantores e leitores, depositaram num baú todas as palavras recolhidas como se de um verdadeiro tesouro de jóias cintilantes se tratasse. Pegaram em pás e começaram a escavar um enorme buraco onde seria enterrado bem fundo, o baú contendo as palavras difíceis.
Nessa noite fizeram uma grande festa. Cantaram, dançaram, jogaram… enfim, divertiram-se à pirata naquela ilha a qual pensavam estar deserta de gente. Mas…de repente, uma sombra surgiu por entre as palmeiras e todos ficaram assustados. Naquela ilha vivia um casal estranho de velhos. Tinham ficado ali presos há muito tempo, vítimas de um naufrágio. Perderam tudo e começaram a construir as suas memórias de vida para que ninguém se esquecesse deles. Construíram muitos textos e muitos testemunhos. Soletraram, disseram, inventaram e semearam palavras por toda a ilha. No final de alguns anos, aquela plantação transformou-se numa floresta densa e misteriosa e as palavras floresciam por todo o lado, dando origem à Ilha das Palavras. O que nunca se soube, é como a sua existência chegou aos ouvidos da quadrilha de piratas letrados, mas isso deve ser um segredo de pirata.
Feliz por receberem novos habitantes, o casal de anciãos finalmente viu o seu sonho realizado e após trocarem algumas impressões tal foi a excitação, que todos se puseram a dançar num festejo sincero de amizade e cumplicidade. Os piratas depressa se converteram em discípulos e aquela ilha, única, nunca mais seria esquecida.
Hoje em dia, a ilha é um local de culto para os seus visitantes, principalmente os alumnus formandus alvarinus, a espécie de alunos da terra de Alvarinhos que fez desta ilha o seu habitat...

Os alunos (Leonor, Marina, Ângela, Mariana, Davide, Diogo, Tiago, Tomás, Daniela, David, Áurea, Natacha, Raquel e Dinis) - os melhores piratas de sempre na Ilha das Palavras.
Obrigado pelo vosso empenho e dedicação. (o prof.)

sábado, 5 de junho de 2010

«O Meu e o Teu» ... mas o quê?

O "Meu e o Teu" é um livro infantil que explora de uma forma inteligente e enigmática o imaginário dos pequenos leitores, visto que do princípio ao fim o problema que se coloca é descobrir quem é o Meu e quem é o Teu. Este album ilustrado por uma dupla alemã cujo autor do texto é Peter GeiBler e a ilustradora  Almud Kunert (na foto ao lado), apresenta-se como um verdadeiro desafio à capacidade de observação das imagens e consequente interpretação do texto, que neste caso se apresentam numa refinada sintonia . As ilustrações são magnificas e o  que salta imediatamente à vista é o espantoso virtuosismo gráfico de Kunert, quer pela forma como trabalha as cores quentes quer pela elegância do traço e pelo detalhe que coloca em cada prancha (que se espreguiçam por duas páginas, para felicidade dos nossos olhos).  O texto reproduz um ritmo e um encantamento contínuos à medida que cada página é virada. Este livro apresenta uma agradável leitura,  um pouco surreal   e pode ser o ponto de partida perfeito para diversas discussões sobre a capacidade imaginativa das crianças, desencadeando uma interessante comunicação entre educadores e  crianças. Aqui na Ilha das Palavras foi uma experiência muito positiva uma vez que os "piratas" embarcaram num frenezim de ideias e opiniões acerca do desfecho do livro, sugerindo soluções que foram do vulgar e do óbvio aparente, ao mais estapafúrdio. O objectivo foi conseguido!
Exemplo de ideias que foram surgindo na cabeça dos alunos à medida que ia sendo apresentada cada ilustração:
1- coisas verdes...bichos / 2-animal / 3-brinquedo, rato, cão / 4-gato, cão, mocho, coruja, cavalo de brincar / 5-lagarto, caracol, cão, pai / 6- sapo, rato, amigo, mocho, avô, ...sonho / 7-irmão, gato, namorado, pai, avô / 8-esquilo, javali, lobo, mocho / 9-irmão grande, irmão pequeno / 10- rato, animal / 11-pássaro, filho, avô, pai, irmão / 12-urso, cavalo, amigo, professor / 13-balão de nuvem, medos, ...sonhos. Um verdeiro Brainstorming!
É interessante observar a variedade de opiniões para cada imagem / frase de texto. No final pairou no ar alguma frustração, pois os piratas não alcaçaram nada de objectivo mas chegaram a um concenso : sonho, imaginação. Fez-se luz!
A sinopse na contra-capa do livro explica que  dois amigos embarcam num vôo fantástico de fantasia e num jogo de comparações e contrastes  vão descrevendo os seus amigos imaginários...  o que não é nada claro no texto. Os leitores que peguem num exemplar do livro abstraindo-se da capa ou que não leiam a explicação, é muito provável ficarem confundidos sobre o significado implícito, daí o valor desta obra.

Ficha técnica: O Meu e o Teu
Formato- quadrado, livro grande de capa dura, 40 paginas
Texto: Peter GeiBler
Ilustração: Almud Kunert
Edição: 2003 O Bichinho de Conto
1ª edição: 2000 (Munique, Alemanha)
Título Original: Meins und Deins

No seguimento deste "abraço" a mais um  livro amigo, foi proposto como TPC de fim-de-semana, um texto à imagem deste com exactamente a mesma estrutura e com o mesmo início em cada frase: O meu... O teu... sem que haja pistas óbvias em cada frase. O objectivo é avaliar a criatividade e a capacidade de criar suspense nas afirmações. O desafio foi lançado e com certeza os Piratas mais uma vez, irão superar as expectativas. Os resultados serão posteriormente publicados aqui na Ilha. Bom trabalho e bom fim-de-semana.
(...)_____________________________________________________
Ora cá está:

Leonor (1º)

O Meu vai passear à rua. O Teu anda mais depressa.
O Meu é o mais alto. O Teu tem uma cor bonita.
O Meu é muito brilhante. O Teu é mais escuro.
O Meu está salgado. O Teu é doce e saboroso...


Marina (1º)
O Meu é grande. O Teu é bom.
O Meu é giro. O Teu é engraçado.
O Meu é vegetariano. O Teu é bonito.
O Meu sobe as escadas todoas os dias. O Teu passa a vida a dormir...


Diogo (2º)
O Meu faz buracos nas nuvens. O teu voa baixo.
O Meu faz som. O Teu é azul.
O Meu é espectacular. O Teu é impressionante,
O Meu é bom. O Teu é bom para fazer quadros...


Mariana (2º)
O Meu tem muitas pintas. O Teu gosta de estar ao ar livre.
O Meu é vestido de vermelho. O Teu é engraçado.
O Meu flutua na água. O Teu está sempre a rodopiar.
O Meu não se consegue ver. O Teu à noite voa até ao céu...

Davide (2º)
O Meu é verde. O Teu é rectangular.
O Meu é grande. O Teu tem relva.
O Meu tem um espécie de telhado virado para baixo. O Teu não tem vida.
O Meu não tem tecto. O Teu têm os vencedores...


Ângela (2º)
O Meu é azul. O Teu é às pintas.
O Meu é como um botão. O Teu é como uma agulha.
O Meu é como um fio. O Teu é como uma carta.
O Meu é muito pequeno. O Teu é sem pés nem cabeça...


Tomás (2º)
O Meu tem quatro ou 5 patas. O Teu parece uma ave.
O Meu é veloz como o vento. O Teu pode voar.
O Meu é carnívoro. O Teu tem unhas douradas afiadas.
O Meu vê bem no escuro. O Teu é lento a ler...


Daniela (3º)
O Meu é castanho. O Teu é quadrado.
O Meu é duro. O Teu é grande.
O Meu tem letras. O teu mete medo.
O Meu é diferente de todos. O Teu é claro...


David (3º)
O Meu é muito rápido. O Teu é baixinho.
O Meu não pensa muito. O Teu gosta de rastejar.
O Meu é muito lento. O Teu é bastante alto.
O Meu é preto. O Teu trabalha muito...


Áurea (4º)
O Meu rasteja. O Teu rebola.
O Meu é perigoso. O Teu trepa às árvores quando quiser.
O Meu é maroto. O Teu apanha uma rã.
O Meu é engraçado. O Teu é relaxado...


Dinis (4º)
O Meu é divertido. O Teu não sabe esperar.
O Meu canta ópera. O teu emploreira-se.
O Meu é bonito. O Teu é cor-de-rosa.
O Meu é vaidoso. O Teu não sabe cantar...


quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dia Mundial da Criança (01-06-2010) - EB1 de Alvarinhos

Na Ilha das Palavras, o Dia Mundial da Criança foi celebrado com diversas actividades: brincadeiras, canções, visionamento de filmes em projector, teatro e a pintura de um painel alusivo ao nosso "mundo educativo", nas costas da nossa escola. É o que se pode chamar de "grafitagem caseira"... onde a marca dos nossos alunos irá ficar gravada forever na melhor escola do mundo e arredores :). Mais uma obra de arte made in Ilha das Palavras.
Conclusão: foi um dia divertido, descontraido e sobretudo com muita cor.